terça-feira, 12 de agosto de 2014

Só um pouquinho


Eu preparei um discurso bonito, fiz poesias e desenhos, separei algumas fotos de nós dois e até peguei as cifras da sua música favorita, tudo isso numa tentativa de deixar as coisas do jeito que você merece, do jeito que você sonhou. Mas não vai dar, quando eu olho pra você, vindo em minha direção com os braços prontos para um abraço, eu desarmo, esqueço as palavras, perco o compasso e fico assim, bobo.

Eu queria te trazer todas as flores do mundo, as trufas que você mais gosta e uma orquestra, só pra ver seus olhos brilharem, só pra ter a sensação de que você não iria reparar quando eu perdesse as palavras, me confundisse e gaguejasse.

Oh, minha querida, eu não queria que as coisas fossem desse jeito, desculpa, mas eu fui fraco e não consegui cumprir com os meus planos. Assim como não consegui me controlar quando te conheci, era só uma cola casual na prova, era só uma menina bonita boa em literatura me ajudando com o dever de casa, e BUM. Aconteceu.

Você aconteceu.

Espero que você não se assuste com isso, tentei deixar as coisas menos estranhas nos últimos tempos. É, quando eu disse que era só você, eu não estava brincando, queria saber qual seria a sua reação, para eu poder falar sério hoje. Tenho que confessar, a sua resposta cheia de sarcasmo não me ajudou. Você não ajudou, e eu adoro esse seu jeito.

As coisas são assim, eu vou falar de uma vez só, pra doer menos, ter um impacto só e a sua reação ser orgânica. Um, dois, três e... eu-acho-que-tenho-certeza-gosto-de-você é, gosto mesmo, gosto muito e não sei como me curar, não sei como voltar atrás. Então, por favor sorri e diz que também gosta ou sai correndo agora, mas olha pra trás, me da uma esperança de que seja só o susto, que você vai me chamar amanhã dizendo que mudou de ideia, que gosta, mesmo só um pouquinho. 

domingo, 3 de agosto de 2014

Bem-vindo


Olá, você vem sempre aqui? Pode sentar, acomode-se da forma que achar melhor e sinta-se em casa, afinal seus olhos são familiares. O controle da TV está ai no sofá, ou na poltrona, talvez no móvel, não sei, mas pode procurar e colocar no canal da sua preferencia.

Desculpa pela bagunça, eu não estava esperando pela sua visita, mas acho que é bom, assim a gente começa sem mentiras, né? Eu não preciso fingir ser uma princesinha de unhas grandes e bem feitas e você pode falar alguns palavrões, seremos simplesmente nós.

Eu já disse que seus olhos são lindos? É, eu poderia olhar pra eles por horas sem ao menos perceber, mas pareceria estranho, e eu ainda nem sei o seu nome. Não estranhe caso eu o esqueça depois que você se apresentar, também posso criar algum apelido pra você, tem problema? 

Não precisa ficar com vergonha, acima de tudo seremos amigos, confidentes, parceiros, Brothers. Então vem cá, bro, me abraça apertado e sorri largo – eu adoro quando fazem isso. Vem cá e me diz a sua música preferida do momento, me conta se você gosta de ler, se sabe tocar algum instrumento, sua comida preferida, me conta quem é você.

Desculpe a minha falta de educação, fiquei tão empolgada com a sua presença que acabei esquecendo, aceita uma xicara de café? Caso você prefira tenho suco, leite e chá, não tem bebida alcoólica – não sou uma fã – mas, podemos planejar para a próxima visita. Se você voltar.

Promete que volta?

Seja bem-vindo, meu-futuro-novo-amor, nos vemos em breve. 

sábado, 19 de julho de 2014

Se foi


Tão amarga quanto café sem açúcar, era assim que levava a vida. Decorou formulas e nomenclaturas. Engoliu alguns livros, e, sem emoção alguma, recitou obras de Shakespeare e Maquiavel. A felicidade, tão vulnerável quanto ela, era passageira, ou talvez nem fosse, ela não sabia, não queria, não era, apenas.

Dizia se encontrar em sua bagunça, mas, na verdade, era o caos que a conduzia, e por isso a solidão era sua confidente, de poucos segredos, sem aventuras, mas um punhado de sonhos malucos, devaneios e planos futuros, tão distantes quanto à imensidão do céu.

Chorava sozinha, e era também em sua companhia que sorria e viajava em sua imaginação. Não escrevia, mas amava ler os poetas do passado, tão sábios, musicais e sozinhos. Ah, ela amava...

Não aprendeu a ser racional, e, por conta disso, entregava seu coração. Porém, eles não aprenderam a decifrar os sentimentos, não cuidavam daquele bem tão precioso. E ela, poesia.

No compasso do relógio fechou-se para o mundo, e no ritmo pré-determinado deixou sua personalidade de lado. Ah, ela se arrependia, mas era tarde de mais, para o amor, para a mudança e para ela.

Tic-tac,
ela se foi. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Amar não é permitido



Vem aqui e diz que ama a minha literatura iniciante, elogia o meu sorriso e se perde nos meus olhos por 5 segundos – que vão parecer infinitos, vão matar, mas vão ser os melhores de todos. Segura a minha mão e, sem presa, medo, sem vergonha, faz com que eu mude de ideia e queria o que você deseja.

Faz às coisas do jeito certo rapaz, essa é a única forma de me ganhar, sendo todo errado, mas entenda, isso é certo também. Nada de ser totalmente bom moço, porém, bad boy de mais enjoa. Encontre o meio termo, e, fácil assim, você me terá.

A gente combina de uma forma descomplicada, tu fala olhando pros meus lábios e eu vou desejar os seus. Beija leve, intenso, carinhoso, diferente dos outros. Vai sem mão boba no início, no meio e no final. Não força o clima. Deixa rolar.

Não diz que me ama, por favor. Isso e mais uma lista de caricias que vão me fazer acreditar que você o faça. Ah, eu te suplico, não me deixa te amar, não me vicia na sua presença.

Pode parecer loucura, e muito provavelmente é. Sou uma dessas pessoas que acredita, cegamente, no amor, mas que viveu experiências frustrantes, então, amo nos livros, poemas, paredes grafitadas e nessa literatura sem pé nem cabeça.

A gente fecha isso com um pacto. Vamos apenas nos divertir, vai ser até a luz do sol clarear a sala, ou, até minha criatividade chamar a minha atenção. Promete, vai me deixar livre, voar, viajar nas lembranças e nos planos futuros. Deixa eu pensar nele, mas me faz não querer.  Por favor, me faz não precisar. E, por fim, não me deixa cometer o mesmo erro de achar nos olhos alheios o brilho que os meus precisam. 

domingo, 6 de julho de 2014

Esqueci


É, já não somos mais, eu prometi que te esqueceria, na mesma sintonia de um compasso de Beethoven, acordes de um sertanejo qualquer, no meu ritmo eclético, eu esqueceria. O dó maior, meu bem, já não é mais sinônimo daquela dor aguda. Passou, assim como as noites mal dormidas, as xicaras de café e o chocolate amargo. Já não é.

Escrevo, num guardanapo de um fast food aqui do centro, só para te avisar, eu não me importo mais. O seu sorriso deixou de ser o mais bonito, e por fim percebi, o seu perfume nem é tão seu, em qualquer esquina encontro tal cheiro, clichê. 

Sabe, o vagão do metro está cheio, como sempre, mas há um diferencial, agora está cheio de pessoas interessantes. Encontrei, outro dia, um rapaz lendo um dos meus títulos favoritos, enquanto uma garota calculava ângulos – aqueles, estranhos, que você tanto gosta - lembrei-me de ti, mas já esqueci novamente.

Não, não venha dizer que eu fugi do barzinho da esquina, argumentar que não frequento mais por que sei que estará lá, não meu amor, eu apenas esqueci de voltar.

Desde que virei a página eu renasci, me tornei uma nova mulher a partir do momento que descartei você da minha vida, amor. Eu aprendi, durante aquelas noites em que observei a lua, a admitir os meus erros. Deve ser por isso que te escrevo agora.

Eu errei naquela vez que não disse que também te amava, errei ao vestir uma armadura e usa-la para esconder meus sentimentos, errei noutras vezes também. Mas, acredito que, o meu maior erro foi essa besteira de te esquecer. Então, se você receber uma ligação silenciosa, pode ser a minha saudade, tentando me mostrar que, no fim do dia, é só a sua voz que pode embalar o meu sono.

Esqueci sim, mas, me lembro em quase todos os momentos. Beijos, daquela que jurou, não te amaria mais. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sobre os primeiros erros



Revirando um passado, até então encaixotado, encontrei rabiscos feitos num caderno qualquer – capa velha e um sentimento, ainda comum nos dias atuais. As folhas, amareladas com o tempo, mostravam as anotações confusas, feitas pela menina que queria ser escritora, poetisa, amada, amante...

Em versos sem ritmo, entreguei meu coração a você, é, você mesmo. Pois é, eu também me questiono o porquê disso.  Escrevia, de forma confusa, amadora e iniciante, sobre você. Foi assim que aprendi a lidar com o que me enfraquecia, o fiz, mas não deveria.

Mesmo que com erros ortográficos, sem coesão ou coerência, aquelas palavras eram verdadeiras, traduziam o que eu sentia. Para os convencionais seria, certamente, uma bagunça total, o reflexo da desordem, deve ser a tal geração Y. Já para os contemporâneos, arte moderna, o caos em entrelinhas, um coração partido, lindo. Mas para mim, era apenas o resultado de uma equação a qual não cabia solução, nós.

Você não merecia. Não merecia saber a forma como eu pensava em você, e, é por isso que guardei tudo isso, até hoje.

Desculpa. Estou agora, jogando essa parte da minha história, que você, erroneamente, protagonizou, no lixo. Faço isso com o coração partido, não sei se lembra, mas eu sou uma eterna apaixonada por história, e me dói saber: vivi um capitulo inútil. Nada se altera com a falta dessas páginas velhas, então, esse é o nosso fim.

De qualquer forma te devo agradecimentos, mesmo sem ter a menor ideia, tu me ajudou. Foi o tema das primeiras linhas, e o que dizer sobre os primeiros erros? Eles ensinam. Então, temos que concordar, você foi um ótimo professor.

sábado, 21 de junho de 2014

Retranca



Sabe o que é, eu coloquei meu time na retranca, passei a defender meu pobre coração dos possíveis amores. Eu não sei viver contos de fadas, tão pouco os amores de corredor. Não aprendi a ser “casual” quando tratamos de assuntos a dois. Então, para não me ferir, recuei e fiquei ali, só defendendo os ataques que podiam surgir pelo caminho.

A tática pode parecer podre, de psicologicamente derrotados ou fracos, é, deve ser mesmo. Sempre que assisto futebol fico possessa com a falta de bola na trave e aqueles “Uuuuuh” que vem do pulmão, quase um choro, quase um gol... e era assim que eu estava levando a minha vida, como a seleção-de-fulano-de-tal, principiante nesse negócio de Copa do Mundo, jogando com um monstro que coleciona títulos e é favorito.

Acontece que você chegou e bagunçou a minha tática, o pivô ficou confuso, perdeu o compasso e passou a bola, fez a defesa se desarmar e você atacou. Eu estava desprevenida, sem chance de agir, contra-atacar ou fugir, fui vitima. Vitima do seu sorriso de canto de boca, seu olhar doce e lábios macios, fui vitima da trilha sonora que me apresentou, dos livros e da sua forma errada, porém engraçadinha, de escrever. Vitima.

O então campeão tornou-se time de várzea. E, tenho que confessar, gostei de sair da grande aérea e conhecer o campo. Gostei do frio na barriga, das faltas, dos erros e dos cartões amarelos e vermelhos. A penalidade máxima, ao seu lado, é como um presente. Nesse jogo não há impedimento, e o nosso tiro de meta é o amor, ao qual eu jurava, não voltaria a sofrer.