SOBRE ELA

Eu Lirico 

As cifras ecoam pelo quarto, vazio. Fisicamente ela está lá, porém, sua mente está longe, viaja. Não sabe ao certo quando decolou, talvez no segundo ou terceiro verso, algo acústico, Cazuza, Nando Reis, Cassia Eller ou Lenine...  

Tentou ser durona, e por um longo período isso funcionou – em publico. Ela ainda dormia abraçada com o travesseiro, sonhava com um sorriso desconhecido, mas de tirar o folego, alguém para compartilhar seus devaneios, para ensiná-la a tocar violão e faze-la sorrir no meio do beijo. 

Eis que pareceu ser a sua vez, cedeu, mostrou seu lado sensível, aquele que precisa de carinho. Não era ele, pegou a senha e voltou para o fim da fila. “Próximo” alguém gritava a quilômetros de distância, e ela, poesia. 

Poesia no olhar e no coração. Poesia pelas esquinas e nos estranhos. Aprendeu a sentir a dor alheia e a deduzir sentimentos até então desconhecidos. Agora, apenas o faz, num bloco de notas, guardanapo ou na imensidão da internet, tanto faz. Ninguém se importa, pelo menos não enquanto ela não é a próxima.

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