“Vem, corre!”, você gritava, me incentivando
a ir mais rápido, já ia começar, daqui a pouco, nosso espetáculo preferido, o pôr-do-sol.
Aquela arvore, gravada com nossas
iniciais, era a nossa poltrona oficial. “O nosso amor só acabará quando essa
gravura não estiver mais aqui”, seus olhos brilhavam e eu, eu tinha a certeza,
seria pra sempre.
Acontece que, hoje, eu voltei
aqui, sozinha. Vim assistir, sem o mesmo entusiasmo de dez anos atrás, o que
costumava me encantar. Era o mesmo pôr-do-sol, na mesma cidade, a mesma colina,
mas eu, eu já não sou mais a mesma, e a nossa arvore não estava lá. Gelei ao
perceber o vazio, similar ao do meu coração.
Não estou escrevendo com lagrimas
nos olhos, com um coração sozinho, ou, na última das hipóteses, esperando que
as coisas mudem, que você volte e se declare pra mim, não. O cenário por aqui é
outro, meus olhos estão apáticos às coisas que acontecem, eu cresci, e com o
tempo percebi que o amor não é tão singular quanto achávamos. Nada é tão
infinito para não ter um ponto final, e todos os “nós” são compostos de dois
eu, não éramos um só.
Sabe, eu demorei para me dar
conta disso tudo. Mas hoje, enquanto meus dedos deslizam sobre o teclado, como
se tivessem vida própria, percebi que estou em divida com você, na última vez
que nos vimos eu disse tudo o que queria, mas nada do que realmente precisava.
Acho que é hora de fazer isso.
Obrigada, por todas as vezes que
me fez sorrir, por me deixar te chamar de meu, e por me fazer sua. Obrigada,
pelas vezes que me fez chorar, borrar a maquiagem e rasgar o travesseiro, colocando
em teste a minha força. Obrigada por tudo, os momentos bons se tornaram as
lembranças do fundo da gaveta, que eu finjo não lembrar, os ruins, são o
reflexo, que eu aprecio sempre que encaro o espelho. Seu amor me transformou, e
hoje, enquanto encaro o pôr-do-sol, sem a nossa arvore, me dou conta, talvez os
amores não sejam para sempre, pois nós não somos. .
Obrigada, você, que me faz ser
quem sou hoje.
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